

Duas pessoas morrem em enfrentamentos no Quênia durante recordação de protestos de 2024
Duas pessoas morreram nesta quarta-feira (25), segundo o responsável por um hospital, nas manifestações convocadas no Quênia para celebrar o aniversário de um movimento de protesto inédito, que foi duramente reprimido e terminou com 60 mortos.
Durante semanas, as ruas de Nairóbi se viram sacudidas por esses protestos contra aumento de impostos decretado pelo presidente William Ruto.
As manifestações tiveram seu ponto culminante na ocupação do Parlamento em 25 de junho de 2024.
Ao completar um ano do movimento, milhares de manifestantes voltaram a protestar na capital, em meio a um forte aparato policial e com escolas e comércios fechados por precaução.
Logo começaram as tensões. Alguns manifestantes lançaram pedras nos policiais, que responderam com gases lacrimogêneos e pelo menos um canhão d'água.
Jornalistas da AFP contaram pelo menos um policial e vários manifestantes feridos.
Protestos similares ocorreram na grande cidade portuária de Mombasa e em outros condados dessa importante economia do leste da África.
No de Machakos, a cem quilômetros ao leste de Nairobi, dois manifestantes morreram por disparos e oito ficaram feridos, indicou Julis Makau, administrador do hospital de Matuu.
"Um deles tinha ferimentos de bala no abdômen e morreu de hemorragia", declarou. Outra vítima morreu ao chegar a outro hospital de Matuu, acrescentou.
O responsável médico também indicou que outra pessoa está em "estado crítico" depois de levar um tiro na cabeça.
"Marchamos contra a brutalidade policial, contra a opressão do governo, contra os altos impostos, tudo o que vai mal neste país", disse Anthony, um jovem de 25 anos que preferiu não revelar seu sobrenome.
Na sociedade queniana existe um profundo incômodo com o presidente Ruto, que chegou ao poder em 2022 com a promessa de impulsionar um rápido progresso econômico.
A economia, no entanto, continua estancada e muitos estão fartos da corrupção e a elevada tributação. Os protestos do ano passado obrigaram Ruto a abandonar sua lei para subir impostos.
Também se multiplicam as acusações pelos frequentes desaparecimentos de críticos do governo e pela violência policial.
G.Schembri--JdM