Journal De Malte - Trump elogia aumento de gasto militar da Otan como 'grande vitória para todos'

Trump elogia aumento de gasto militar da Otan como 'grande vitória para todos'
Trump elogia aumento de gasto militar da Otan como 'grande vitória para todos' / foto: NICOLAS TUCAT - AFP

Trump elogia aumento de gasto militar da Otan como 'grande vitória para todos'

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (25) na reunião de cúpula de Haia que o aumento considerável dos gastos militares que a Otan aprovará após sua pressão é uma "grande vitória para todos".

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A cúpula da Otan em Haia está a ponto de determinar um aumento histórico em seus gastos militares, a 5% de cada PIB nacional, apesar das reticências expressadas pela Espanha, que deseja limitar seu gasto a 2,1%.

"É uma grande vitória para todos. Acredito que em breve estaremos equalizados, e é assim que deve ser", disse o presidente americano, cujo país é o principal contribuinte da Aliança, com 62% dos gastos totais do ano passado.

"Há vários anos venho pedindo que aumentem para 5%, e eles (os países membros) vão aumentar para 5%... Acho que será uma grande notícia", acrescentou Trump, ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte.

Ao abrir a sessão plenária com os 32 líderes, Rutte elogiou a influência de Trump, que ameaça reduzir a proteção que Washington fornece ao continente europeu desde a Segunda Guerra Mundial. "Querido Donald, você tornou a mudança possível".

"Vamos tomar decisões históricas e transformadoras para fazer com que nosso povo esteja mais seguro, com uma Otan mais forte, mais justa e mais letal", acrescentou o secretário-geral.

O aumento é muito ambicioso e representará um rearmamento de grande magnitude em um continente traumatizado pela invasão russa da Ucrânia, um país que a Aliança deseja continuar sustentando e armando.

Até agora, o consenso estava em um piso de 2% do PIB, um patamar que no ano passado foi alcançado apenas por 22 dos 32 Estados membros.

- Flexibilidade para a Espanha -

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, garante, no entanto, que negociou com Rutte uma flexibilidade sobre seus níveis de gasto militar, de maneira que o país aumentará sua faixa para até 2,1% do PIB.

Sánchez insiste que este nível de gasto é suficiente para que a Espanha contribua com as capacidades necessárias à aliança e que 5% seria "desproporcional" e "pouco razoável".

Trump criticou na terça-feira a posição espanhola. Ele afirmou que é "injusta" para o restante da Otan e representa um "problema".

E, embora Bélgica e Eslováquia tenham se expressado em termos similares aos da Espanha, nesta quarta-feira vários governantes se esforçaram para dissipar as preocupações. Segundo eles, haverá unidade ao final da reunião de trabalho.

Rutte disse que não está preocupado com a possibilidade de que a Espanha provoque problemas na cúpula. Desde o início da semana, ele insiste que o acordo de 5% não inclui uma cláusula de exceção e que os países da aliança estarão todos comprometidos com o aumento dos gastos.

O objetivo de 5% até o ano de 2035 é a soma de dois componentes: 3,5% de gastos militares no sentido estrito (compra de armas, salários), ao qual se soma 1,5% de investimentos em áreas como cibersegurança, infraestrutura e proteção das fronteiras, para uso tanto civil como militar.

- Evitar surpresas -

Os organizadores da reunião - Rutte, em particular - se esforçaram para que a cúpula aconteça sem sobressaltos, de maneira que Trump possa reivindicar uma vitória diplomática: a de fazer com que a Europa e o Canadá paguem mais por sua própria segurança.

Em um plano tanto simbólico quanto político, Trump teve o privilégio de passar a noite no palácio real de Huis ten Bosch, uma das residências do rei Willem-Alexander e da rainha Máxima, em Haia.

Apesar de todos os cuidados para garantir o bom humor de Trump, o presidente republicano reacendeu as controvérsias sobre o comprometimento de seu país com a defesa recíproca dos países da Otan.

Questionado durante a viagem entre os Estados Unidos e os Países Baixos, Trump foi ambíguo sobre o famoso artigo 5 do tratado constitutivo da Otan, relativo à ajuda recíproca em caso de ataque a um país membro.

"Há muitas definições do artigo 5", disse o presidente, antes de afirmar que está comprometido a ser "amigo" dos parceiros da aliança.

Rutte respondeu à polêmica nesta quarta-feira afirmando que os Estados Unidos "estão totalmente comprometidos com a Otan, totalmente comprometidos com o artigo 5" do tratado da aliança, sobre defesa recíproca.

A cúpula de Haia também deve abordar a continuidade do apoio à Ucrânia. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, tem um encontro bilateral agendado com Trump.

A.Xerri--JdM