Journal De Malte - Primeiro-ministro francês tenta convencer oposição a evitar censura

Primeiro-ministro francês tenta convencer oposição a evitar censura
Primeiro-ministro francês tenta convencer oposição a evitar censura / foto: Ludovic MARIN - POOL/AFP/Arquivos

Primeiro-ministro francês tenta convencer oposição a evitar censura

O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, anunciou nesta sexta-feira (3) que não usará um procedimento criticado para aprovar o orçamento de 2026 sem votação no Parlamento, na tentativa de evitar sua censura pela oposição.

Tamanho do texto:

Lecornu, de 39 anos, renunciou ao uso do artigo 49.3, que permite ao governo aprovar uma lei sem votação no Parlamento. Para reverter a decisão, os deputados precisam aprovar uma moção de censura, o que também derrubaria o Executivo.

Desde a reeleição do presidente Emmanuel Macron, em 2022, e da perda de sua maioria absoluta, seus governos têm usado esse artigo para aprovar orçamentos e até mesmo a impopular reforma da previdência de 2023.

"Estamos no momento mais parlamentar da Quinta República" francesa, disse o primeiro-ministro de centro-direita antes de se reunir com líderes da oposição.

Seu anúncio simbólico não convenceu a oposição de esquerda, principalmente porque existem outros mecanismos legais para impor um orçamento contra a vontade da maioria dos legisladores.

"Não acreditamos em você", disse o líder de esquerda Jean-Luc Mélenchon, cujo partido A França Insubmissa (LFI) já anunciou que apresentará uma moção de censura quando Lecornu, no cargo desde 9 de setembro, nomear seu governo.

As reuniões desta sexta-feira com grupos de oposição socialistas, ambientalistas, comunistas e de extrema direita para buscar apoio para sua proposta de orçamento de 2026 também não conseguiram convencê-los.

Seu plano continua "muito insuficiente e, em muitos aspectos, alarmante", alertou o líder socialista Olivier Faure, que pede uma maior justiça fiscal. A líder de extrema direita Marine Le Pen também observou que Lecornu foi "pouco claro".

Embora não tenha conseguido convencer, o compromisso com o debate parlamentar para elaborar o orçamento parece ter, por enquanto, evitado sua eventual queda, em meio à incerteza também devido ao alto nível da dívida pública (115,6% do PIB).

Em dezembro, o Parlamento derrubou o governo do primeiro-ministro conservador Michel Barnier e, em setembro, o do primeiro-ministro centrista Bayrou. Lecornu deve apresentar seu governo neste fim de semana, segundo diversas fontes.

burs-tjc/jvb/aa

J.Cini--JdM