Journal De Malte - Todos os militares retidos nos protestos indígenas do Equador são libertados

Todos os militares retidos nos protestos indígenas do Equador são libertados
Todos os militares retidos nos protestos indígenas do Equador são libertados / foto: Rodrigo BUENDIA - AFP

Todos os militares retidos nos protestos indígenas do Equador são libertados

Os 17 militares retidos no Equador em meio a protestos indígenas contra o governo foram libertados, embora vários deles tenham hematomas e fraturas, informou o Ministério da Defesa nesta quarta-feira (1º).

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Desde 22 de setembro, grupos indígenas bloqueiam estradas com troncos, pedras e pneus em protesto contra a eliminação dos subsídios ao diesel.

A medida do presidente Daniel Noboa aumentou os preços dos combustíveis em 56%, um golpe para a economia rural.

Em meio aos protestos de domingo, um grupo de 17 soldados foi retido por manifestantes, segundo o governo. Um deles foi libertado na segunda-feira e os demais na terça-feira, informou um funcionário do Ministério da Defesa à AFP. Ao longo da semana, as autoridades deram relatos conflitantes sobre o número de libertados.

"Ontem (terça-feira), tarde da noite, eles foram recuperados, foram entregues", disse o ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, em entrevista a uma emissora de rádio. "Estamos realizando uma análise médica para determinar o estado de saúde deles", acrescentou.

Os militares foram retidos no domingo na província andina de Imbabura, no norte do país, em meio a violentos confrontos com manifestantes, nos quais um indígena morreu baleado e 12 agentes ficaram feridos.

"Estamos falando de braços e pernas quebrados, cabeças fraturadas, contusões, queimaduras, perda auditiva devido ao uso desses fogos de artifício e até mesmo um de nossos soldados que está completamente desfigurado por ter sido atingido por uma pedra", disse Loffredo ao relatar a libertação.

Os protestos, que deixaram cerca de 90 detidos, concentram-se em Imbabura e se espalharam ao longo da semana para outras províncias, como Cañar, Cotopaxi e Pichincha, cuja capital é Quito.

- Justiça indígena -

Na terça-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a "todos os atores" para que se abstenham de "qualquer forma de violência", após expressar a sua "profunda preocupação" com o que ocorreu nos protestos.

A Defensoria do Povo indicou que acompanhou um processo de justiça indígena — reconhecida pela Constituição — que resultou na entrega dos militares. O órgão confirmou que "os soldados permaneceram sob resguardo comunitário e receberam avaliações médicas prévias", segundo um comunicado.

Delegados da Cruz Vermelha e autoridades locais e comunitárias compareceram à audiência.

A principal organização dos povos indígenas (Conaie) convocou uma "paralisação nacional" por tempo indeterminado, rejeitando o decreto do presidente Noboa que aumentou o preço do diesel de 1,80 para 2,80 dólares o galão.

O aumento dos preços dos combustíveis levou a violentos protestos indígenas durante os governos dos presidentes Lenín Moreno e Guillermo Lasso em 2019 e 2022, respectivamente.

O governo denuncia "atos terroristas" durante as manifestações e ameaça os responsáveis com penas de até 30 anos de prisão por esse crime.

Noboa afirma que entre os manifestantes há infiltrados de máfias como a gangue venezuelana Tren de Aragua, embora não tenha detalhado sua acusação.

R.Mifsud--JdM