Journal De Malte - Colômbia entrega parte da fazenda de Pablo Escobar para vítimas do conflito

Colômbia entrega parte da fazenda de Pablo Escobar para vítimas do conflito
Colômbia entrega parte da fazenda de Pablo Escobar para vítimas do conflito / foto: RAUL ARBOLEDA - AFP/Arquivos

Colômbia entrega parte da fazenda de Pablo Escobar para vítimas do conflito

O governo da Colômbia entregou a mulheres vítimas do conflito uma parte do terreno da Fazenda Nápoles, símbolo do poder do narcotraficante Pablo Escobar, informou o presidente Gustavo Petro nesta quarta-feira (1º).

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A fazenda, situada no noroeste do país, passou para as mãos do Estado colombiano por extinção de domínio após a morte do chefão do tráfico de cocaína em 1993, durante uma operação da força pública. Ele levou para lá animais exóticos como hipopótamos, que agora se reproduzem sem controle e são considerados uma espécie invasora.

Em seguida, sua administração foi entregue à Prefeitura do município de Puerto Triunfo. Essa entidade a arrendou para um parque temático, que inclui um zoológico e um complexo hoteleiro, onde por vários anos ficou exposto um pequeno avião que supostamente Escobar usava para traficar cocaína.

Em maio, o presidente Petro pediu que fosse entregue às vítimas do conflito como parte de uma reforma agrária com a qual deu milhares de hectares de terra a camponeses. Nesta quarta, seu governo oficializou uma primeira entrega de 120 dos mais de 4 mil hectares da propriedade.

"Começou-se a recuperar a fazenda Nápoles para as vítimas", comemorou o presidente na rede X. "Depois do narcotraficante Escobar, seus herdeiros políticos e econômicos quiseram ficar com a fazenda", acrescentou.

Os empresários a cargo do parque dentro da fazenda haviam protestado, argumentando que o turismo representa uma importante fonte de receita para a região.

Analistas consideram que o Estado se expõe a processos judiciais se descumprir o contrato de arrendamento. Segundo veículos de imprensa locais, o acordo entre a Prefeitura e os gestores do parque se estende até 2087.

Felipe Harman, diretor da estatal Agência Nacional de Terras (ANT), assegurou que o parque ocupa apenas 300 hectares do prédio, pelo que as áreas desocupadas devem ser entregues às vítimas.

"Há uma imensa quantidade de terra que não sabemos com clareza qual é sua devida ocupação", afirmou em um vídeo.

As beneficiárias já tinham recebido o terreno em comodato em 2017, mas segundo o governo, elas foram desalojadas à força pela Polícia.

"Eu me sinto muito feliz porque hoje há mulheres que têm esperança, que têm terra para a vida", disse uma delas, Millinery Correa, em um vídeo compartilhado pela ANT.

A disputa por terras está no centro do conflito armado na Colômbia, que dura mais de meio século.

J.Calleja--JdM