

Ex-namorada de Diddy Combs diz que usava drogas para suportar os abusos
Cassandra "Cassie" Ventura, ex-companheira de Sean "Diddy" Combs, alegou nesta quarta-feira (14), no julgamento do rapper, que ela usava drogas para lidar com os abusos aos quais ele a submetia, inclusive orgias selvagens.
Depois de descrever o relacionamento perturbador que teve com o rei do hip-hop, Ventura — uma testemunha-chave no julgamento de Nova York — continuou a oferecer detalhes escabrosos ao júri nesta quarta-feira, antes de ser interrogada pela defesa.
Segundo seu depoimento, Cassie sofreu subjugação, abuso, violência e foi forçada a participar de orgias selvagens ("freak-offs") organizadas pelo empresário.
Ela afirma que durante as orgias, que às vezes duravam dias de maneira ininterrupta, usava drogas como ecstasy, cetamina e cocaína. Essas substâncias "honestamente me ajudaram" a cumprir as exigências de Combs, afirmou.
As drogas, particularmente os opiáceos, também tinham um efeito "dissociativo e entorpecente", disse. "Eu não queria sentir o que realmente estava acontecendo na minha mente, na minha vida, em tempo real. Era apenas uma válvula de escape para mim".
Casada desde 2019 com o personal trainer Alex Fine, Ventura é mãe de duas meninas e está grávida.
Seu depoimento é a espinha dorsal deste caso, que levou o ídolo do hip-hop de 55 anos a julgamento, acusado de conspiração e tráfico sexual.
Se for condenado por essas acusações, ele poderá passar o resto da vida na prisão.
Foi uma denúncia apresentada por Ventura em 2023 por agressão sexual e estupro que abriu o caminho para os processos judiciais contra o rapper.
Embora ela tenha desistido logo após chegar a um acordo extrajudicial, sua denúncia foi seguida por denúncias de outras vítimas, o que levou o rapper a julgamento.
Ventura alegou que participava das orgias porque estava "simplesmente apaixonada e queria fazer [Combs] feliz", a ponto de sentir que não tinha "muita escolha".
A cantora, que conheceu Combs em 2005, quando tinha 19 anos, descreveu como o fundador da gravadora Bad Boy às vezes urinava nela ou instruía os profissionais do sexo que ele contratava a fazer isso.
- Evitar que "ficasse bravo" -
Os acompanhantes, quase sempre homens, cobravam milhares de dólares em dinheiro após os encontros.
"Era nojento. Era demais. Era avassalador", disse Ventura. Os quartos de hotel onde essas maratonas de encontros sexuais aconteciam muitas vezes ficavam destruídos, acrescentou.
Ela tentava evitar que Combs, que tinha um temperamento violento, "ficasse bravo comigo ou me ameaçasse", disse Ventura.
"Ele me jogava no chão, me batia na cabeça e me chutava" durante as orgias regadas a drogas, relatou Ventura nesta quarta-feira.
Em um vídeo de 2016, exibido no tribunal, as câmeras de segurança mostram Combs espancando brutalmente e arrastando Ventura pelos cabelos pelo corredor de um hotel em Los Angeles.
Quando questionada por que não se defendeu ou se levantou, Ventura simplesmente respondeu que ficar encolhida no chão "parecia o lugar mais seguro para estar".
A equipe de defesa de Combs, que começará a interrogá-la após a conclusão das argumentações da acusação, enfatizará que a artista usava drogas voluntariamente e se comportava de maneira errática.
Esse "relacionamento tóxico entre duas pessoas que se amavam" se resume a um problema de "amor, ciúme, infidelidade e dinheiro", afirma a defesa.
M.Trapani--JdM