Journal De Malte - Chuvas de monção deixam ao menos 200 mortos em 24 horas no Paquistão

Chuvas de monção deixam ao menos 200 mortos em 24 horas no Paquistão
Chuvas de monção deixam ao menos 200 mortos em 24 horas no Paquistão / foto: - - AFP

Chuvas de monção deixam ao menos 200 mortos em 24 horas no Paquistão

As chuvas torrenciais que atingem o norte do Paquistão deixaram pelo menos 200 mortos em 24 horas, segundo o último balanço divulgado por autoridades nesta sexta-feira (15). Um helicóptero de resgate caiu, provocando mais cinco mortes.

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O Paquistão, o quinto país mais populoso do mundo, é um dos mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática.

Nos últimos anos, seus 255 milhões de habitantes sofreram grandes inundações, transbordamentos de lagos glaciais e secas, que, segundo os cientistas, se multiplicarão sob a influência do fenômeno.

Nas últimas 24 horas, chuvas torrenciais intensas foram registradas em vários distritos da província montanhosa de Khyber-Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão, onde 180 pessoas morreram.

"Minha casa fica em uma colina, perto de um riacho. Por volta das duas ou três da manhã, enquanto chovia torrencialmente, ouvi um grande barulho", disse à AFP Azizullah, habitante do distrito de Buner, que contabiliza dezenas de mortos e feridos.

"Saí rapidamente com minha esposa e meus dois filhos e, imediatamente, uma avalanche de água irrompeu, arrastando tudo em seu caminho; achei que ia morrer", contou.

Em Buner, "doze vilarejos foram gravemente afetados pelas chuvas", indicaram as autoridades, que registram dezenas de casas, várias escolas e prédios públicos danificados.

Em Salarzai, no distrito de Bajaur, mais ao oeste, escavadeiras removiam o barro que cobriu tudo de forma repentina.

Um helicóptero sobrevoava o que agora parece um rio de lama, onde antes havia casas, arrastadas pela enxurrada.

Outro helicóptero, um MI-17 soviético, levava mantimentos e material de resgate, mas "caiu devido ao mau tempo" antes de chegar a Bajaur, informou Ali Amin Gandapur, chefe de gabinete da província. "Os cinco membros da tripulação, incluindo dois pilotos, morreram", acrescentou.

A autoridade provincial de gestão de desastres de Khyber-Pakhtunkhwa declarou vários distritos em sinistro, onde "equipes de resgate foram enviadas como reforço" para tentar acessar áreas de difícil acesso devido à sua geografia acidentada.

Outras nove pessoas morreram na Caxemira administrada pelo Paquistão, enquanto na Caxemira administrada pela Índia pelo menos 60 vítimas foram registradas em um vilarejo no Himalaia, e outras 80 pessoas continuam desaparecidas.

Além disso, cinco pessoas morreram na região de Gilgit-Baltistan, no extremo-norte do Paquistão, que abriga vários dos picos mais altos do mundo.

- Monções "incomuns" -

Desde o começo da temporada de monções de verão, qualificada como "incomum" pelas autoridades, 507 pessoas morreram, incluindo cem crianças, e outras 768 ficaram feridas.

Segundo as autoridades, três quartos das vítimas morreram devido a inundações repentinas ou ao desmoronamento de casas, enquanto 10% sofreram eletrocussões ou foram atingidas por raios.

Segundo Syed Muhammad Tayyab Shah, da autoridade nacional de gestão de desastres, "mais da metade das vítimas morreu devido à má qualidade das construções".

As autoridades desaconselham viajar para o norte turístico do país, onde no verão chegam alpinistas de todo o mundo. A região registrou recordes climáticos este ano.

Em julho, a província de Punjab, onde vive quase metade da população paquistanesa, registrou precipitações 73% superiores às do ano anterior. Somente nesse mês, contabilizou mais mortes do que em toda a temporada de monções anterior.

As monções representam entre 70% e 80% das precipitações anuais no sul da Ásia entre junho e setembro, sendo vitais para a subsistência de milhões de agricultores, em uma região com cerca de 2 bilhões de habitantes.

Mas também podem provocar inundações devastadoras, como em 2022, quando chuvas torrenciais afetaram cerca de um terço do país, causando cerca de 1.700 mortes e consideráveis perdas de colheitas.

M.Tanti--JdM